Passadiço encastrado na Baía !

foto: O Setubalense

 

A necessidade de nos sentirmos próximos dos vários espelhos de água existentes nas cidades, nomeadamente elementos construtivos como lagos artificiais ou outros edificados pontuais contendo o correr de água, servem tanto de embelezamento de uma zona, como pode ser uma peça com poder estrutural de uma praça, de uma rua ou mesmo de centralizar o novo crescimento de zona numa localidade.

 

Linhas de água, ribeiras e rios podem ser fronteiras ou divisão de terras, localidades ou de concelhos e até de distritos, mas o ser humano tende a chegar à margem para sentir a capacidade relaxante da água.

 

Foi no grande Pulmão do Município, a esbelta Baía do Seixal, que outrora navegaram os Fenícios, Romanos, Navegadores e os da nobre corte que vinham para as "7 Quintas", que ainda hoje encontramos pontualmente nos caminhos da margem, a história dos Moinhos de Maré edificados pelo "Condestável" para a produção de farinha, a entregar na capital, onde fornos de outros faziam sair o Pão para os habitantes da Capital, ou seja, a importância da proximidade com a água também era pela força motriz capaz de energizar a produção, quer das farinhas quer pela máquina construtiva de embarcações.

 

Esta nossa Baía do Seixal, tão visitada e gozada no seu esplendor pelos munícipes, em caminhadas e correrias de lá e para cá, proporciona uma vista magnífica para Amora, Arrentela Seixal e Ponta dos Corvos, bem como um motivador de regresso pelo Pôr do Sol radiado de magentas e cians no infinito lá ao longe, atrás do Cristo Rei.

 

foto: CM Seixal

É neste cenário único e cativante, que nasceu um Centro Náutico para acolher duas associações ligadas ao desporto náutico, uma assumidamente na canoagem, o CCA e a outra outrora com mais dinâmica na vela, a ANA, mas no dia de hoje comungam do mesmo espírito desportivo e por vezes muito competitivo lado a lado na reta da meta.

 

Este edificado foi comparticipado pela CM Seixal em mais de 1.7M€ de apoio às Associações, com a real componente de incentivo aos próprios jovens atletas pela continuidade da prática desportiva, onde alguns são já campeões e outros elementos da Seleção Portuguesa. Estes dois novos edifícios possibilitam um novo chegar à água e navegar, agora sim de uma forma nobre e elegante e finalmente sem medo de ficarem com os K's em várias partes ou mesmo da existência de serem abalroados e "serem colhidos na curva" por veículos no meio da estrada.

 

Sem dúvida, que esta nova existência de dois volumes edificados e pousados lado a lado de forma simétrica destinados às duas coletividades, contém a magia da mesma partilha de espaços exteriores de atletas competidores entre si, quer em terra quer na água, poderá uma dia, de forma amigável e familiar ser fundido e partilhado num só clube.

 

Nesta 1ª fase o apoio de partidos políticos eleitos na Câmara, nomeadamente o voto favorável dos vereadores do PS, deu uma voto de confiança para nada fosse impeditivo deste conceito volumétrico à beira rio e com dignas de acessibilidades para crianças e atletas, tivessem finalmente a casa náutica para um futuro cheio de treinos vencedores.

 


Segundo Momento - Há que fazer as coisas como deve ser


Na atualidade de uma 2a fase deste projeto, com a continuidade de mais 1,5M€ de comparticipação financeira da CMSEIXAL, está em cima da mesa um Passadiço de Madeira que liga o atual fim de linha do trajeto pedonal e ciclável da marginal da Amora, ao próprio centro Náutico.
Esta assumida volumetria, visualmente permeável em forma de paliçada de rio com cerca de 400m de comprimento e construída de forma modular de tabuleiros, está assente num sistema estacas de madeira encastradas e linha e paralelamente à margem da Baía, contornando o abandonado volume à venda à vários anos, elevando-se à cota de + 4.0m de altura de maré. 

 

Este traço tão assumido visualmente e presente a olho nu de que poderá estar a caminhar no outro lado da margem é claramente algo que marcará a Baía como elemento construtivo e de continuidade de um percurso, mas as preocupações são de outro fundamento. Trata-se de algo na Baía construído com auxílio de maquinaria pesada de acesso marítimo, com encastre de batida nas estacas no leito, que deverá ter, além da viabilidade do Executivo da Câmara Municipal, os pareceres de entidades como a APA (Agência Portuguesa do Ambiente), a CCDR-LVT e da Autoridade Portuária da APL (Administração do Porto de Lisboa), sendo que se trata de uma intervenção num braço do Estuário do Tejo.

 

A necessidade da correta forma de intervenção no Pulmão do Concelho -que não vemos plasmada neste documento porque não foram pedidos os necessários pareceres às entidades descritas- levou o Partido Socialista a votar contra esta 2ª fase na Sessão de Câmara a 25 de Janeiro, mesmo sabendo e assumindo que este tipo de troços pedonais e cicláveis, são uma das bandeiras apresentadas desde a campanha de 2017, com vários tramos pedonais e outros cicláveis pontualmente falados de Amora a Corroios.

Esta questão tão pertinente e inquietante para o Partido Socialista, dá forma a que dúvidas se coloquem pela intervenção construtiva na margem e leito da Baía, sendo que deveremos ter todas as viabilidades garantidas, mesmo antes do início do processo. 

 


Não se pode intervir deste modo na baía sem a segurança de estar a investir o dinheiro de todos, de um modo que seja incorreto, sem a segurança de ter o ok de entidades que têm de ser consultadas. O PS não se pode rever nesta forma de atuar do "facto assumido e depois logo se vê" que CDU e PSD votaram
 

A inquietação,  já colocada no processo, é igualmente saber se o Dono de Obra deste troço de percurso elevado da linha de água, são realmente as duas colectividades desportivas, nomeadamente o CNA e ANA, que por si só ficariam com a responsabilidade da manutenção total e segurança deste corredor pedonal e ciclável aberto público, ainda que seja a CMSEIXAL a comparticipar a volumosa obra a edificar na água.

 

Sem dúvida, que estas são formas de trabalho que não se pode concordar, por um lado que se intervenha no leito do rio sem os devidos pareceres das entidades que definem os parâmetros de gestão e orientação do Território, bem como se coloque as responsabilidades directamente nas colectividades.

 

A viabilidade é e será sempre realizada pelos vereadores do PS Seixal, com o fundamento real de "fazer para e pelas populações", mas quanto à forma de o fazer ... será sempre pelo bem.

 

Nuno Miguel Moreira

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