Orçamento CM Seixal 2024 - Declaração de voto do Vereador Eduardo Rodrigues
As
grandes opções do Plano para 2024 apresentam um valor de 153.5 M verificando-se
um aumento de cerca de 2,8%€ comparativamente com o ano de 2023.
A
apresentação deste documento surge numa lógica de estarmos perante uma
conjuntura económica e social, tanto a nível nacional como internacional,
marcada pela instabilidade e incerteza. O abrandamento da economia, associado a
uma elevada pressão inflacionista, tem vindo a provocar revisões de preços
extraordinários e aumento de carências sociais entre os munícipes.
No
entanto e atendendo ao crescendo da receita é vital um reforço das verbas de
investimento, e tal não se verifica.
Concordamos
que devemos ser prudentes e cautelosos, mas tal não inviabiliza que não se
tenha uma visão de futuro, assente num paradigma de desenvolvimento económico e
coesão social e territorial.
Mesmo
perante tão difícil conjuntura económica, a retoma da economia nacional foi
possível com a governação socialista, com uma forte matriz social e preocupação
com o crescimento económico, a inovação e o desenvolvimento sustentável do
país.
O
que permitiu traçar, quase em tempo real, um quadro da evolução da atividade
económica, restabelecendo a confiança dos consumidores, um efeito de base a ter
em conta, que tem levado a um contínuo e crescente incremento da receita
autárquica por via da receita fiscal dos impostos diretos e indiretos.
Com
base nesta conjuntura económica, os Vereadores do Partido Socialista na Câmara
do Seixal defenderam para este orçamento, uma proposta de redução do IMI
para 0,300%, bem como a defesa da implementação do IMI familiar, e ainda a
devolução de uma percentagem da contribuição na taxa de IRS, de pelo menos
2%.
Igualmente
e tendo ainda presente a bom momento de crescimento da economia ao longo do ano
de 2023, que irá continuara a ter reflexo no crescimento das receitas para o
município, especialmente o IMT, cujo valor inscrito poderá até vir a
revelar-se mais elevado que o registado nas GOP, tal como já aconteceu neste
ano de 2023, que o Partido Socialista entende haver margem para reduzir mais a
carga fiscal ao alcance do município, e reforçar o investimento no concelho.
O
Partido Socialista entende que há espaço para um orçamento mais auspicioso,
aberto à iniciativa privada, com enfoque no investimento público, especialmente
num ano em que se prevê a aprovação de muitos projetos no âmbito do PRR.
O
orçamento para 2024, prevê uma receita total de 153.3 Milhões de Euros, mas que
se ira converter em cerca de 175 milhões ….
A
rubrica de maior volume do orçamento continua a ser o IMI, com cerca de 26 Milhões
de euros, o IUC com 4,7 milhões e a crescer, o IMT com valores
estabilizados comparativamente com o ano anterior, e a situar-se nos 25 milhões
de euros e com tendência crescente ao longo do ano de 2024, mesmo perante a
crise do imobiliário, provocada pelas altas taxas de juros.
A derrama continua a crescer
Como
os outros impostos mantém valores elevados e a ser agora orçamentada em mais de
3.2 milhões de euros. Estes impostos somam um total global de mais de 58.9 milhões
de euros, acrescidos ainda dos 5% do valor pago pelos munícipes em IRS, que
resulta no proveito de mais de 11.9 milhões. Relativamente a esta receita
proveniente do IRS, o Partido Socialista apresentou proposta de devolução aos
munícipes, de pelo menos 2%, proposta que a CDU não aceitou.
Iguais
comportamentos continuam a ter, outros impostos indiretos,
nomeadamente a participação do IVA, apontam também para uma tendência de
crescimento, prevendo-se desta forma, que a receita seja ainda maior, que a
inscrita.
Ao
nível da despesa, continua a verificar-se aumento nos gastos correntes,
onde se destacam as despesas com pessoal, com um montante de cerca de 62.5 milhões
de euros, aproximadamente 40.7%, e a aquisição com uma despesa de 31.2 milhões
de euros.
As
duas rubricas somadas totalizam uma verba de mais 93.7 milhões de euros, mais
de 63 % da totalidade da receita, montante claramente excessivo.
Em
contraciclo, temos a Junta de Freguesia de Fernão Ferro liderada por um executivo
eleito pelo Partido Socialista, que tem pugnado por assumir mais competências e
com praticamente as mesmas verbas dos últimos anos, mesmo perante as evidências
de crescimento das receitas da Câmara e do aumento das matérias-primas.
Igualmente
em contraciclo e pese embora as despesas de capital apresentem um montante de
cerca de 36.9 milhões de euros, se expugnarmos as despesas de capital
meramente contabilísticas, os resultados de novos projetos de investimento
dificilmente irão ultrapassar os 10 milhões de euros, valor insignificante num
universo de 153 milhões de euros de receita que o município pretende arrecadar
no ano de 2024.
Em
conclusão, trata-se de mais um orçamento onde os dinheiros públicos são mal
aproveitados, onde a forte aposta no apoio ao associativismo, e um reflexo
negativo bem visível da falta de projetos estruturantes, e outros recursos
municipais de incremento ao desenvolvimento económico e social.
Aliás,
a característica evidente em todos os sucessivos executivos CDU, tem sido:
ser ambicioso a planear e desastroso a implementar. O resultado
final é a inconsequência da governação e um adiar sistemático daquilo que
estaria facilmente ao alcance de uma gestão assertiva.
A
visão do partido socialista é distinta em matéria de GOPs, com uma visão virada
para o desenvolvimento económico e emprego, que aposta na captação de
investimento e criação de emprego, com políticas fiscais mais favoráveis ao
tecido empresarial e a novos investidores. E tal, ainda não se verifica na
Câmara do Seixal, comunista há mais de 48 anos.
Nós,
socialistas, temos uma visão diferenciadora, preocupada com a
sustentabilidade e modernização do Concelho, situação que não se vislumbra
nesta proposta de Grandes Opções do Plano para 2024.
Ano
após ano, a gestão CDU no Concelho do Seixal, revela-se por baixos rácios de
investimento municipal, e sempre na expetativa de apoios estatais ou
comunitários para cumprir rácios de investimento mínimo em matérias de
equipamentos públicos.
Este
não é o modelo de orçamento dos Vereadores do Partido Socialista. Apostamos
numa alteração paradigmática da aplicação de verbas direcionadas para a
remodelação urbanística, a criação de espaços verdes em todas as freguesias, o
desenvolvimento turístico, as atividades recreativas no espelho de água da Baía
e sua envolvente, e a captação de investimento privado em áreas de indústria,
comércio, e serviços com vista à criação de riqueza.
Felizmente que, a nossa perseverança, tem servido para que o Executivo CDU esteja atento ao que o PS aponta, de tal forma que em alguns casos, vislumbrasse, a cópia e a intenção da CDU em por em prática, as ideias socialistas, resultando daí um claro benefício para os munícipes
Declaração de Voto:
Numa
atitude pró-ativa e construtiva que caracteriza a oposição do Partido
Socialista na Câmara Municipal do Seixal, tem vindo a apresentar propostas
estruturantes, especialmente as de referência genérica ao seu programa
eleitoral, as quais visam o desenvolvimento económico local, minorar as
dificuldades dos munícipes e dotá-los de recursos essenciais dentro dos padrões
de qualidade de vida, sem que no entanto o Presidente da Câmara tivesse feito a
respetiva convocatória para apresentação e discussão deste documento, no âmbito
do direito da Oposição.
O
Partido Socialista continua a afirmar que há espaço para orçamentos mais
auspiciosos, que incrementem e levem a sério a necessidade de uma verdadeira
revolução política que vise o efetivo desenvolvimento económico local, a
liberdade de opinião, a participação efetiva de todas as forças democráticas da
oposição e a transparência de processos.
Nestes
termos, e atendendo às multideficiências identificadas na gestão municipal CDU
e no incumprimento da execução dos projetos do ano anterior, associado ao
conteúdo inscrito nas GOP e Orçamento para 2024, mesmo perante a expectativa de
um ano de forte aposta em projetos cofinanciados no âmbito do PRR e outros
programas estatais e europeus, assim como a incapacidade para estudar políticas
conjuntas com a oposição ao vereadores do Partido Socialista, não resta outra
alternativa, que não seja, votar contra
este orçamento para 2024.
Eduardo Rodrigues
Miguel Feio
Elisabete Adrião
Nuno Moreira
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