Orçamento CM Seixal 2024 - Intervenção Vereador Miguel Feio
A apresentação deste orçamento denuncia não apenas a insuficiência de recursos alocados, mas também a falta de inovação e a incapacidade de concretizar projetos previamente planeados.
No âmbito da cultura, o
orçamento parece negligenciar a importância das infraestruturas culturais como
os casos do Centro Cultural de Corroios e Fernão Ferro, há anos prometido e
programado; mais recentemente, o Centro de Interpretação do 25 de Abril que não
vê evolução e arrisca-se a nem ser inaugurado no ano em que se comemora os 50
anos da democracia. Estas nossas reflexões levam a concluir que existe uma
falta de compromisso na promoção da cultura no município.
A crítica à redução de apoios ao
movimento associativo, com destaque para as associações de imigrantes, aponta
para uma contínua falta de equidade e justiça social, sendo das associações com
menos apoios financeiros. O desinvestimento na requalificação do património do
concelho, incluindo a Fábrica da Pólvora e o centro interpretativo da Olaria
Romana, demonstra uma falta de visão a médio e longo prazo e de compromisso com
a preservação da identidade local.
No domínio do desporto, a
redução de verbas compromete a reabilitação de infraestruturas desportivas,
contradizendo a tradição de apoio ao desporto e à promoção da saúde. A falta de
compromisso na construção de novos equipamentos desportivos em Fernão Ferro ou
em Pinhal dos Frades, zonas mais carentes.
Na educação, a ausência de
uma proposta articulada para a substituição das coberturas de amianto nas
infraestruturas escolares, a persistência do turno duplo e a falta de soluções
para um polo de ensino superior e a ausência de hi-fi nas escolas por exemplo
refletem uma negligência nas questões educacionais cruciais para o
desenvolvimento do município. Mais crítico ainda, no que diz respeito à
aceitação do apoio à gratuitidade dos livros de atividades escolares para o 1º
ciclo, bem como a escassas bolsas de estudo disponibilizadas, refletem a fraca
aposta do município no domínio da educação, onde as verbas mais expressivas
decorrem da transferência de competências do estado para o município e que até
ao momento não se tem percebido que políticas de gestão se vem fazendo nesta
área.
O atual executivo continua a
negligenciar o seu papel ativo no desenvolvimento de vários projetos,
nomeadamente no que diz respeito à escola básica e secundária de Fernão Ferro,
não aproveitando, deste modo, as verbas de financiamento decorrentes do PRR para
este efeito.
Na juventude, as rubricas
orçamentais são efetivamente baixas e a falta de consideração pelas propostas
dos jovens do Seixal indicam uma desconexão entre a autarquia e a população
jovem, comprometendo o desenvolvimento futuro do município.
Na área de água, saneamento e
higiene urbana, embora se tenha denotado algumas obras pontuais, o
investimento ainda é insuficiente evidenciando uma abordagem tímida para
questões ambientais cruciais, deixando de fora zonas críticas que requerem
atenção imediata.
Estes são apenas alguns exemplos.
Em suma, o orçamento camarário
para 2024, conforme apresentado, parece não estar à altura das exigências de um
território dinâmico em crescimento demográfico contínuo. A falta de colaboração
entre os partidos do executivo camarário, como destacado, contribui para a
ineficácia no planeamento e desenvolvimento do território. Este cenário levanta
sérias preocupações quanto à capacidade deste executivo em responder de maneira
adequada e proativa às reais necessidades e desafios enfrentados pelo município
do Seixal.
Miguel Feio
Vereador
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